Clã Wolfstrider

Dois guardas vieram arrancar Alys da cela pouco depois do amanhecer. Cada um deles a segurava por um braço, levando-a para o pátio do forte. Já havia várias pessoas por ali, quase todas vestidas com os jaquetões brancos da Ordem dos Luminares. A ordem havia tomado conta deste forte na fronteira e o transformou em uma mistura de campo de treinamento para seus guerreiros novatos e depósito para os espólios que traziam das conquistas do outro lado da fronteira. 

E Alys foi pega justamente enquanto espionava o lugar, logo na primeira missão para o seu clã.

Teria feito barulho demais perto dos sentinelas? Deixou rastros que foram seguidos pelos Luminares? Alguém viu a fogueira que ela acendeu na floresta para preparar seu jantar? Ou os Luminares eram simplesmente guerreiros melhores do que ela? 

“Acho que não adianta mais pensar nisso”, ponderou ela enquanto subia as escadas que a levariam até o palanque onde o carrasco a esperava. 

— Estão com as provas? — perguntou o homem por baixo do capuz que lhe cobria o rosto inteiro. 

— O manto verde e preto dos Wolfstriders e o medalhão que ela usava — disse um dos soldados que a segurava, tirando de dentro do jaquetão o amuleto de metal com a cabeça de um lobo entalhada. — As marcas dos espiões. 

Embora não conseguisse ver o rosto do carrasco, Alys percebeu que o homem ficou perplexo. Ele pegou o medalhão e respondeu ao soldado:

— Não se deve tirar os pertences de alguém se a pessoa não estiver morta. Isso dá azar. — Em seguida, colocou o medalhão novamente no pescoço da prisioneira. 

Alys olhou para o pátio, mais abaixo. Uma multidão de membros da Ordem dos Luminares enchia o lugar. Bem mais do que ela imaginou que haveria por aqui. 

Sentiu a mão pesada e áspera de um dos guardas na sua nuca, forçando-a a se ajoelhar. Mas o carrasco segurou o pulso do grandalhão. 

— Pare com isso. Você cuida do seu trabalho e eu cuido do meu.

O grandalhão estranhou, mas deu de ombros. Escoltar condenados já era algo que estava abaixo da sua dignidade, com certeza.

Com um toque bem mais gentil, o carrasco indicou a Alys que se ajoelhasse e colocasse os pulsos amarrados para a frente, debruçando-se sobre um cepo. Ela sentiu o rosto encostar nas muitas marcas que aquele machado havia fendido na superfície da madeira, além do cheiro de sangue velho no cepo, depois de muitos pescoços cortados. 

Um murmúrio geral se formou entre os Luminares agrupados no pátio do forte enquanto um dos guardas lia as acusações de espionagem e traição. Ela fechou os olhos. Segurou com força nas bordas do cepo e respirou fundo quando o guarda leu a sentença de morte, dizendo que o branco dos Luminares triunfava sobre o verde e preto dos mercenários. 

Ao sinal do soldado, a multidão começou a contagem que antecedia a execução.

Um!

O carrasco ergueu o machado. 

Dois!

Alys ouviu os silvos de duas flechas passando rentes ao seu corpo e dois gemidos baixos logo atrás de onde estava.

Três!

O machado do carrasco desceu com força, rompendo as cordas que prendiam os antebraços de Alys. 

Não havia tempo para ficar atônita com a precisão do golpe; seu treinamento a havia preparado para momentos como este. Olhando para trás, ainda conseguiu ver os dois guardas tombando no cadafalso, cada um com uma flecha fincada no peito. Flechas que tinham penas verdes e pretas. 

No meio da multidão de Luminares surpresos, Alys conseguiu ver que vários guerreiros se livravam dos mantos brancos para mostrar o verde e preto dos Wolfstriders que traziam por baixo. E aproveitavam o elemento surpresa para atacar os Luminares que estavam ao redor.

— Nos encontramos lá fora — disse o carrasco, empunhando o machado e se preparando para abrir caminho por entre o caos do pátio. — Ainda temos uma missão para cumprir. 

Alys fez que sim com a cabeça e pegou a espada de um dos guardas caídos, tocando levemente a superfície do medalhão que continuava ao redor do pescoço com a outra mão.

Os Wolfstriders nunca deixam um dos seus para trás.

Descrição

Desde os primórdios da civilização os homens ergueram aldeias, vilas e grandes cidades de madeira e pedra para se protegerem de animais e monstros. As cidades oferecem proteção, mas muitas vezes acabam se tornando prisões. E é nessas prisões que homens, mulheres e crianças passam os dias servindo seus senhores, vivendo e morrendo sob as leis dos outros.

Entretanto, há pessoas que não vivem confinadas dentro das muralhas. Por escolha própria ou por obra do destino, algumas almas corajosas escolhem desbravar as fronteiras do mundo, conhecer suas trilhas e seus perigos, ultrapassar obstáculos e viver de acordo com suas próprias regras.

São pessoas que aprendem a não temer a natureza, mas sim a respeitá-la. E conseguem viver em harmonia com as plantas, os animais, e com tudo aquilo que é considerado “perigoso”. Entendendo a vida nas florestas e montanhas, tornam-se senhores de toda a vastidão de terras ermas, maiores do que qualquer feudo ou império no mundo.

São estes os membros do Clã Wolfstrider.

Filosofia

Todos os membros do Clã Wolfstrider são encorajados a desenvolver sua capacidade criativa e de improvisação, tornando-se especialistas em montar estratégias para o combate florestal e em terrenos acidentados. Diferente da maioria das pessoas, os Wolfstriders se organizam mais como uma família do que como uma unidade militar. O respeito a seus membros é concedido de acordo com sua experiência e a capacidade de resolver problemas, e não necessariamente com a idade.

Para os Wolfstriders, o mundo é um local fascinante, cheio de cavernas, pântanos, cachoeiras, ruínas e locais esquecidos a serem descobertos. E eles não olham com desprezo para aqueles que vivem em cidades — ao contrário, aqueles que não conhecem os belos recantos são considerados como “irmãos mais novos” que precisam abrir os olhos e ver o mundo como ele é.

Combate

Os membros do Clã sabem que o mundo pode ser um local perigoso, especialmente para aqueles que nunca puseram os pés para fora das muralhas de uma cidade. Assim, é necessário treinar o manejo de armas e o combate.

Como cada terreno tem suas particularidades, é impossível haver uma “solução padrão” para cada ocasião. Por isso, eles são treinados no uso de todas as armas possíveis, desde simples clavas de combate até espadas bastardas e arcos. Cada membro tem direito à sua individualidade e preferências em relação aos equipamentos que leva em batalha.

Os Wolfstriders também espelham-se nos maiores predadores da natureza (o Lobo, o Urso, o Falcão, a Serpente, o Leão, o Tigre, a Raposa, a Coruja, entre outros). Enquanto os humanos são os mestres das cidades e vilarejos, a natureza reina suprema nas áreas selvagens. E os animais mais inteligentes, mais fortes e mais adaptados a ela são os que sobrevivem por mais tempo. Os guerreiros do clã procuram aprender com eles e aprimoram suas habilidades de sobrevivência e combate ao longo de toda a vida.

Valores dos Wolfstriders

Com membros que vêm de terras e culturas diversas, seria impossível uniformizar toda a gama de valores que podem fazer parte da índole dos Wolfstriders. Coragem, Sabedoria, Honra, Lealdade, Justiça, Empatia, Respeito, Integridade e Cooperação, entre outros, são importantes para todos os guerreiros, dentro e fora do campo de batalha.

Animais-Guia e Afinidades

Nas florestas, os membros do Clã Wolfstrider aprendem a agir observando e se comunicando com vários animais. Ao longo do seu desenvolvimento, é comum um Wolfstrider desenvolver uma afinidade por algum destes animais arquetípicos, adquirindo e incorporando traços em sua personalidade. Alguns dos mais comuns são:

  • Lobo: Combatentes com afinidade por lobos valorizam o trabalho em equipe, a resistência em marcha por terrenos acidentados, sentidos aguçados e combate tático, com cada membro da alcateia desempenhando o seu papel.
  • Urso: Wolfstriders com afinidade pelo urso se destacam em atividades de patrulha, na busca por abrigos e locais seguros e missões de busca e resgate, além de serem conhecedores das artes da cura.
  • Falcão: Conhecidos por suas longas viagens, os falcões valorizam o conhecimento, o contato com pessoas de locais distantes, missões de localização e a furtividade, comunicando a presença de seus inimigos para a infantaria que vem logo atrás. Costumam ser excelentes batedores.
  • Cobra: Sábios e misteriosos, os Wolfstriders com afinidade por cobras estão entre os melhores espiões do mundo conhecido. Silenciosos e sorrateiros, conseguem se infiltrar em cidades ou instalações inimigas sem deixar rastros e sair tão silenciosamente quanto entraram.
  • Leão: Wolfstriders com afinidades por leões costumam ter excelentes noções de estratégia e movimentação de tropas. Não raro, são comandantes de unidades ou batalhões, além de terem o talento para instruir novos guerreiros.
  • Tigre: Os membros do clã que se identificam com o tigre são guerreiros valentes e corajosos, geralmente os primeiros a alcançar os inimigos, deixando um rastro de destruição por onde passam.
  • Coruja: Ave de rapina que costuma passar despercebida em meio às florestas, mas seus ouvidos e olhos atentos percebem todas as ameaças e atitude suspeitas, especialmente quando existe algum perigo perto do seu ninho.
  • Raposa: Wolfstriders com afinidade pela Raposa são discretos, sociáveis e totalmente letais quando em alguma missão que exija suas habilidades. Exercem funções de mensageiros, batedores, diplomatas e, por vezes, assassinos.
  • Corvo: Os corvos são os guardiões dos segredos e da sabedoria. Estão entre os guerreiros mais inteligentes e audazes de todos, que sabem observar e escolher seu lugar no campo de batalha para atacar bem no ponto onde o adversário é mais vulnerável.

Junte-se a nós!

Se você valoriza a liberdade e a criatividade, e tem vontade de desbravar o mundo com um grupo de aliados, seguindo aquilo que o seu código de honra ditar, então o clã Wolfstrider é para você. Compareça aos treinos da Gladius Swordplay e junte-se a nós!

Este é o clã que faz os melhores churrascos!